sábado, 10 de janeiro de 2009

Ó paí Ó...

Já disse que ando vendo TV. Ontém, no festival nacional da Rede Globo assisti Ó Paí Ó, "O filme que deu origem à série". Senti vergonha de dizer que vi pela primeira vez. Aliás. senti vergonha de ter visto pela primeira vez. Ou melhor, senti vergonha de ter visto. Na verdade, apenas senti vergonha. O filme é muito ruim. Alguns amigos baianistas, jornalistas e intelectuais, até mesmo professores universitários, com quem convivo, costumavam falar dele como uma grande obra. À exceção da atuação de Wagner Moura, nada se salva. O filme não tem um tempo bom. A narrativa é descontinuada. A caracterização das personagens, das coisas mais elogiadas pelos fãs, não é lá grandes coisas também. A crente, por exemplo, é quase uma esquizofrênica, dado o grau de mutação da conduta da personagem. Lázaro Ramos canta - e mal - uma trilha sonora mau escolhida, pretensiosa, com clips mal feitos e desencontrados, quebrando ainda mais o ritmo do filme. Outro ponto elogiado pelos fãs -pois não creio poder definir como críticos sérios os que elogiam o filme - é a baianidade presente nele, na narrativa, nos textos. Não concordo. Acho forçado. Usam-se muitas expressões, ao ponto de reforçar a caricatura já grotesca que o baiano possui no resto do Brasil. É tudo forçado no filme. As cenas de confusão chegam a ser patéticas. Há até idéias boas, como a de retratar a fragilidade daquela sociedade idílica de baianidade malandra com a morte das crianças no final, como a dizer "aqui se fala de realidade, não de ficção apenas". É uma boa idéia. Mas muito mal realizada. O final trágico é desencontrado com o resto do filme. Não tem o ritmo correto. Não perpassa a narrativa em momento algum, embora possa-se querer me corrigir citando as várias aparições de Stênio Garcia encomendando a punição dos pivetes como algo a ser feito. E, para coroar com o mais bizarro do filme, o pior, que está nesta mesma sequência. Sinceramente... No momento em que aquela mãe de Santo mostra o futuro à evangélica, como que querendo celebrar um suposto sincretismo que até pode haver na Bahia - mas não existe entre os evangélicos, pois estes são lineares no mundo inteiro em não sincretizar com crença estranha - a grosseria da interpretação me fez pensar que era um momento dos toscos do filme e não a preparação para o clímax trágico.
O filme é triste. Enão no sentido em que é triste um Tarkóvski. É triste como ... triste como o Zorra total.
Uma baianada, como diriam os paulistanos.
Beijo em vossos corações.

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