terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O menino de 15 anos

Já nem lembro o nome dele. Estava na faixa de Gaza. 27 ou 28 dias de ofensiva Israelense. Ao medo costumeiro, próprio dos que lá vivem, devia ir com ele um pavor maior, daqueles que só conhecem os que já estiveram em uma guerra na qual são o alvo mais fraco.
Estava em casa com parentes. Vários. Eis que dos céus surgem helicópteros. A farda do exército Israelense apavora. A brutalidade dos soldados também. Os homens, armados, entram em várias casas da rua, espancam seus moradores e os retiram à força, mandando que sigam com eles a um local determinado.Um prédio. Sem opção, eles obedecem. 110 palestinos errantes. 50 deles, crianças. Um bebê de apenas 5 meses vai junto, carregado pela mãe apavorada, mais com a cria que com si mesma.
Na casa, lhes é ordenado que de lá não se retirem, salvo por ordem Israelense contrária. Sem mais que fazer, ficam lá. Passam-se quase 24 horas. Sem roupas, comida e - pior que tudo isso - sem saber o que será deles. O porquê da espera. Sem saber nada. Quase 24 horas e a resposta chega em forma de bombardeio. Não em frente ou ao lado. Mas sobre eles. Foram levados para um alvo. 110 civis, sem qualquer ligação com Hamas ou qualquer outro grupo, militar ou terrorista. 110 civis. 50 crianças. Um bebê.
Quase todos morreram. Os sobreviventes, estropiados, com estilhaços de aço, concreto pelo corpo, andaram dois quilômetros até chegar a um hospital. O bebezinho sobreviveu. Foi mais uma vez carregado. Agora ferido. Não resistiu e morreu. Sem saber o que acontecia. Sem entender o terror. Que haja um céu para ele. O menino de 15 anos sobreviveu. Esta história de covardia jamais sairá damemória dele. Nem tampouco da minha.

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