sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Oito Meses Depois

A tempestade passou. Vão-se oito meses. À empolação do primeiro post - ou melhor da primeira postagem (melhor aportuguesar, em tempos de reforma ortográfica), s -, seguiu-se um esquecimento tão completo do blog em que ora escrevo, que cheguei a travar uma verdadeira batalha com a minha memória para descobrir qual a senha e até mesmo a conta de e-mail que estão a ele anexadas. São tantas senhas nesses tempos...
Verdade é que retorno pelo incontrolável desejo de escrever que me toma agora e deveria me tormar sempre, vez que sou jornalista de formação e profissão.
Tenho lido livros, assistido filmes e visto bastante TV. Não sei o que uma dieta dessas pode fazer com a mente humana. Afinal, os cardápios convencionais não costumam cntemplar sob a mesma rubrica tais ítens. TV e livros, em demasia, na rotina de um mesmo ser, soam como Sanduíches da MC Donalds e Salada completa (daquelas que têm nome e tudo, os quais não conheço nenhum - mas seria capaz de decantar, até em versos, todo o cardápio da MC Donalds, incluindo os sanduíches que não fazem mais parte do menu).
Enfim... Li coisas muito boas. Outras nem tanto. Li O Marquês de Sade e seus 120 dias em Sodoma. Só quem nunca leu isso pode falar que Sade hoje em dia não soa tão terrível. Sade era um monstro. Um gênio monstruoso, mas também um monstro genial. Gênio e monstro são para ele, na mesma dosagem, exatos tanto para substantivá-lo quanto para adjetivá-lo.
Quem quiser saber mais e tiver estômago para tanto leia 120 dias em Sodoma, mas não pare no início, nas partes onde o máximo que se faz é bebêr vômito, urina e comer cocô. Não... Vá até o final. Até o Inferno. Sim, o inferno. É este o nome da perversão de um dos seus libertinos que, dentre outros requintes de crueldade, inclui asistir a um carrasco fantasiado de demônio derreter a uma mulher, enquanto outras quatorze passam por sofrimentos proporcionais (pois não se pode usar aqui o termo semelhante, vez que nas suas elucubrações sádicas o Marquês era absolutamente singular e as torturas de cada uma das 15 vítimas do inferno são tão tenebrosas quanto é brilhante o Marquês.
Nelson Rodrigues é um santo e Woody Allen um perfeito ajustado diante da insânia de Sade. Mas é leitura obrigatória.
Assisti Woody Allen, Dorminhoco. Delícia dos anos 70. Um dos mais românticos filmes do mestre Nova Iorquino. Não romântico no sentido vulgar, mas no sentido real. Allen carrega nas cores do cinema mudo. Faz comédia pastelão, num período em que fazê-lo requeria uma coragem visceral. Rompe, como sempre. E é, como quase sempre, maravilhoso. Estou lendo as conversas com Woody Allen, de Eric Lax. Muito bom.
Estou lendo ainda O idiota, de Dostoiévski. Dispensa comentários. Mestre.
Até Maysa, a da Globo, estou assistindo. É uma minissérie dirigida pelo filho. Mesmo escrita pelo Manuel Carlos não devemos esperar a verdade davida de Maysa. Nada de presença de anita, ou semelhantes. É uma Maysa quase recatada. Seus pais, ao contrário dos boêmios que conta-se tenham sido, nada mais fazem, que os ligue à boemia, que participar de comportados saraus em casa. Bom netinho esse Monjardim (o diretor). Bom amigo (do Monjardim) este Manuel Carlos.
Enfim, caro leitor, aqui me tens de regresso.
Quero falar sobre a guerra no oriente médio. Sobre Israel, sobre Gaza. Mas faço isso amanhã... Ou daqui a oito meses, pois não demora tão pouco para tal desentendimento acabar.
Salut.

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